segunda-feira, janeiro 26, 2004

Arte: Museu Nacional de Etnologia inaugura a exposição «Com os Índios Wauja»

Na LUSA: "Os utensílios criados por uma tribo de índios da Amazónia - máscaras, panelas e cestos - constituem a exposição "Com os Índios Wauja: objectos de uma colecção amazónica", patente a partir de quarta-feira no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa. A mostra, com inauguração agendada para as 18:30, revela todo o processo de constituição de uma colecção de objectos, desde o trabalho no terreno até à exposição das peças, passando pela recolha e catalogação dos utensílios. Também será editado um livro/catálogo da exposição, em inglês e português, que resulta de um trabalho do antropólogo brasileiro Aristóteles Barcelos Neto. As duas vertentes da apresentação da mostra ao público - a edição do livro e a exposição - são o culminar de um projecto que se iniciou aquando da preparação da mostra "Os Indíos, Nós". Esta exposição realizada pelo Museu Nacional de Etnologia em 2000 contemplou no seu programa uma investigação com trabalho de campo prolongado orientada para a aquisição de elementos da cultura material dos índios da tribo Wauja, localizada no Parque Natural de Xingu, em Matogrosso, Brasil. A mostra engloba "cerca de 100 peças, de um total de 500 que constituem a colecção, nas quais se incluem panelas, cestos e máscaras, estas em grande maioria", revelou à Agência Lusa Paulo Maximino, do Museu Nacional de Etnologia. Segundo a mesma fonte, "a exposição incide principalmente sobre o ritual de cura denominado `apapaatai', que consiste na realização de uma festa para curar a pessoa doente. As máscaras não passam de ritual para ritual, é sempre necessário criar novas máscaras". A par das máscaras, vão estar também em destaque as grandes panelas "makula" e "nukãi", junto das quais se encontram as embalagens, feitas de grades de paus e de entrançados de fibras vegetais e fios de algodão, com que foram transportadas até chegarem ao museu. Algumas destas panelas guardam ainda restos de mandioca cozinhada, trazidos para a exposição pelos artefactos relacionados com o cultivo e modo de preparação daquele vegetal, como os desenterradores, o pilão, o torrador, as pás de beiju e peneiras. No entanto, não foi possível integrar na exposição todos os objectos desejados, como é o caso das panelas do chefe Atamai, que o próprio líder da tribo considerou "indisponíveis". Os responsáveis da exposição optaram então por fotografar as panelas, que podem ser vistas no livro/catálogo. A par das panelas, também alguns cestos - por estarem a ser utilizados pela tribo - não vieram, tal como aconteceu com as principais flautas utilizadas pelos Wauja. A opção neste caso foi a de gravar o som dos instrumentos, que podem ser ouvidos numa composição executada pelo antropólogo brasileiro e que serve de música de fundo na sala de exposições. A exposição "Com os Índios Wauja" significa também a entrada de uma nova colecção nos acervos do museu. A mostra está patente no Museu Nacional de Etnologia, pelo menos até ao final de Abril, podendo ser visitada às terça-feira das 14:00 às 18:00 e de quarta-feira a domingo das 10:00 às 18:00."

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Brasil: Confrontos entre índios e fazendeiros fazem dois feridos

Na LUSA: "São Paulo, 22 Jan (Lusa) - Duas pessoas ficaram feridas em confrontos entre cerca de 250 índios guaranis e caiovás e 300 fazendeiros numa estrada perto da cidade de Japorã, no Estado de Mato Grosso do Sul, foi hoje noticiado oficialmente. O incidente, em que um índio e um fazendeiro foram atingidos por tiros, ocorreu quarta-feira e foi o mais grave desde que os índios iniciaram a ocupação de fazendas na região. Desde Dezembro, 14 fazendas já foram invadidas na área. A Justiça Federal brasileira ordenou a desocupação das terras até à passada terça-feira, mas, dos cerca de três mil índios que entraram nas propriedades, mil ainda permanecem na área, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai). Na quarta-feira, uma desembargadora do Tribunal Regional Federal (TRF), Consuelo Yoshida, decidiu suspender a ordem de reintegração de posse das fazendas, determinando a criação de oito comissões, com a participação da Funai, do Ministério Federal e dos índios, para tentar solucionar o conflito. Segundo um dos líderes da invasão, Gumercindo Fernandes, os índios estão dispostos a permanecer na área e a enfrentar mesmo a polícia. "Se vierem de helicóptero, vamos derrubar à flechada ou com as armas que vamos tomar dos fazendeiros", advertiu. As autoridades federais brasileiras e estaduais de Mato Grosso do Sul decidiram mobilizar cerca de 600 polícias, dois helicópteros e dois aviões para a desocupação das terras e a Polícia Federal solicitou também apoio logístico ao Exército." [notícia]

quinta-feira, janeiro 22, 2004

Brasil: Nova reserva de índios compromete segurança no norte do país

Na LUSA: [20/01/04] "São Paulo, 20 Jan (Lusa) - A demarcação de uma reserva de índios comprometerá a segurança da fronteira Norte entre o Brasil, a Guiana e a Venezuela, consideram as Forças Armadas brasileiras. O jornal O Estado de São Paulo, citando fontes dos serviços secretos das Forças Armadas brasileiras, refere hoje que a reserva indígena Raposa do Sol, no Estado de Roraima, dificultará o controlo da fronteira. Os militares temem que a demarcação da reserva dificulte a presença de dois pelotões do Exército que actualmente fazem a vigilância da fronteira na região. O Estado de Roraima foi palco, nas últimas semanas, de um grande protesto da população contrária à demarcação da reserva indígena Raposa do Sol. A reserva terá 1,7 milhões de hectares, a 13/a maior área indígena do Brasil, e será destinada aos índios Uapixana, Macuxi, Ingaricó, Taurepangue e Patamona. Apesar dos protestos da população, que praticamente fez paralisar a capital de Roraima, Boa Vista, o Governo brasileiro garantiu a continuidade dos trabalhos de demarcação da reserva. Actualmente, existem no Brasil 618 reservas indígenas que ocupam uma área equivalente a 12,44 por cento de todo o território brasileiro. O Brasil tem uma população indígena estimada em 400 mil índios de 215 diferentes etnias." [notícia]

quinta-feira, janeiro 15, 2004

Brasil: Juiz federal condena invasão de fazendas por índios Guarani-Kaiwá

Na LUSA: "A invasão de 14 fazendas por índios que reclamam a posse das suas terras ancestrais foi hoje condenada por um juiz federal brasileiro. O juiz Odilon de Oliveira deu um prazo de três dias à Fundação Nacional do Índio (Funai), que depende do Ministério da Justiça brasileiro, para negociar a retirada dos cerca de 3.000 índios Guarani- Kaiwá. Se o conflito não ficar resolvido no prazo indicado, a Polícia Federal (PF) tem ordens para intervir. Apesar de já ter anunciado que irá decorrer da decisão do juiz, o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, chega na sexta- feira ao Mato Grosso do Sul para uma designada "missão de paz". A missão tem início com uma reunião com o governador do MS, Zeca do PT, na qual será discutida a criação de um comité coordenado pelo Ministério da Justiça. Os índios, pela sua parte, anunciaram que irão oferecer resistência a qualquer tentativa para os retirarem da região, próxima da fronteira do Brasil com o Paraguai. Se não for conseguida uma solução negocial, um porta-voz da PF já anunciou que o prazo de três dias decretado pelo juiz Odilon de Oliveira não é suficiente para retirarem todos os índios das fazendas invadidas. Os Guarani-Kaiwá decidiram, a 22 de Dezembro passado, reocupar 1.250 hectares de fazendas do Mato Grosso do Sul, áreas que consideram imemoriais e de onde foram expulsos pelas frentes de desenvolvimento e expansão agropecuária. Ao abrigo da Constituição Brasileira de 1988, todos os territórios índios deveriam ter ficado demarcados num prazo de cinco anos, mas até à data apenas 30 por cento foram delimitados."

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Missionários Continuam Sequestrados no Brasil

No PÚBLICO: "Os três missionários raptados na terça-feira no Brasil por defenderem a causa indígena contra os interesses de fazendeiros locais ainda não foram libertados. Embora a sua libertação estivesse inicialmente prevista para quarta-feira, continuavam ontem detidos, disse ao PÚBLICO o padre Mário Campos, um dos cinco portugueses que também são membros do Instituto Missionário da Consolata. Os padres raptados são um espanhol, um brasileiro e um colombiano." [notícia completa]

quinta-feira, janeiro 08, 2004

Três Missionários Raptados no Brasil

No PÚBLICO: "Três missionários foram anteontem raptados por grupos ligados aos fazendeiros da zona da Raposa-Serra do Sol, uma área indígena no Norte do Brasil, que faz fronteira com a Venezuela. De acordo com o Instituto Missionário da Consolata, a que pertencem os dois padres e o irmão levados de madrugada da missão de Surumú, os raptados podem ter sido sujeitos a maus tratos e terão estado presos a umas árvores. Em declarações à AFP, um porta-voz dos raptores, Jonas Marculino, desmentiu essa informação, dizendo que os missionários estavam a ser bem tratados. A libertação dos reféns estava prevista para ontem à tarde (hora local, já depois do fecho desta edição), depois da intervenção da polícia e do embaixador de Espanha em Brasília, já que um dos raptados é espanhol - além de um brasileiro e um colombiano: os padres Ronildo França e César Avellaneda e o irmão João Carlos Martinez, que estavam todos na missão, situada na zona indígena do Estado. O embaixador espanhol chegou a ameaçar que se deslocaria hoje ao local, se até ontem ao fim do dia o padre não fosse libertado. O padre Mário Campos, português, que também trabalhava na missão, seria um dos alvos dos raptores, mas não estava na missão na noite da invasão. Em causa está um conflito que opõe um grupo de grandes proprietários de plantações de arroz à maior parte das comunidades indígenas. Estas pretendem que o Presidente Lula assine a homologação da área Raposa-Serra do Sol, para que possam ali desenvolver a sua vida e subsistência. Apesar das promessas de campanha, Lula ainda não assinou o decreto." [notícia completa]

Brasil: Agricultores e índios protestam contra reserva índigena em Roraima

Na LUSA: "Manifestações de agricultores e índios contrários à homologação de uma área indígena no Roraima estão a abalar desde terça-feira aquele estado do Norte do Brasil que faz fronteira com a Venezuela, anunciou o governo. As manifestações, que envolveram o encerramento de pontes e estradas de acesso à capital do Roraima, Boa Vista, foram organizadas principalmente por produtores de arroz com plantações dentro da reserva que terão de se retirar da área após a sua homologação. Apoiados por um grupo minoritário de índios contrários à demarcação, os fazendeiros invadiram também a aldeia indígena de Surumu, fazendo reféns três religiosos estrangeiros (dois padres e um missionário) e terão ainda destruído um hospital e uma escola da área. Edifícios da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Boa Vista foram também invadidos pelos manifestantes. Os protestos, que se estendem a várias regiões, ocorrem duas semanas após o ministro brasileiro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ter anunciado que será feita até ao final de Janeiro a homologação oficial da reserva indígena Raposa-Serra do Sol. Esta homologação tinha sido prometida por Luiz Inácio Lula da Silva em campanha eleitoral para as presidenciais de 2002. A reserva, onde vivem actualmente 19 mil pessoas, das quais sete mil não-índios, situa-se no Noroeste do Estado e abrange uma área de um milhão e 750 mil hectares, equivalente a 7,7 por cento do Roraima e a cerca de 12
vezes a área da cidade de São Paulo." [notícia completa]

sábado, janeiro 03, 2004

Zapatistas celebram dez anos de «fogo e palavra»

No Diário de Notícias: "Sob a designação «20 e 10, o fogo e a palavra», largos sectores no México estão a comemorar os dez anos da rebelião zapatista, um movimento que continua a atrair a atenção no país e no exterior. Foi no dia 1 de Janeiro de 1994, quando o México preparava a entrada em vigor do tratado de livre comércio da América do Norte (NAFTA) com os Estados Unidos e o Canadá, que o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) apareceu ao mundo, de armas na mão e gorros a tapar o rosto, no sul do país, transformando o esquecido estado de Chiapas num cenário de política nacional e internacional. Durante 12 dias os zapatistas combateram o exército, até ser decretado finalmente um cessar-fogo. Fala-se de 150 mortos nestes combates. O décimo aniversário do aparecimento do EZLN coincide com o vigésimo aniversário da sua fundação, em Novembro de 1983, ainda que tenha permanecido numa surpreendente clandestinidade durante uma década. Por isso, as comemorações falam de 20 e 10; o «fogo e a palavra» é uma imagem utilizada pelo líder dos zapatistas, o subcomandante Marcos. «Olhar o zapatismo dos últimos dez anos é olhar o fogo e olhar a palavra», disse ele numa comemoração esta semana." [notícia completa]

sexta-feira, janeiro 02, 2004

América pode ter sido povoada há 30 mil anos

No Diário Digital: "Cientistas russos encontraram vestígios de uma população que se presume ser ancestral dos primeiros americanos. O local arqueológico, divulgado na última edição da revista Science, tem cerca de 30 mil anos e situa-se perto do estreito de Bering, entre a Rússia e o Alasca (EUA). Os arqueólogos descobriram neste local artefactos como ferramentas de pedra, armas de marfim e ossos de animais abatidos para alimentação com o dobro da idade dos encontrados em Monte Verde, no Chile, que até ao momento eram os mais antigos do continente americano." [notícia completa]