quinta-feira, setembro 25, 2003

Chefe kaingang morto no Brasil

Um chefe índio da tribo dos kaingangs que lutava pela demarcação de terras indígenas perto de Las Palmas, estado de Paraná, no Sul do Brasil, foi assassinado, anunciou segunda-feira o Conselho Missionário Indigenista (Cimi), uma organização de direitos humanos da igreja católica brasileira, no Rio de Janeiro. Sobrinho do chefe Albino Veri, a vítima, Ademir Mendes, 24 anos, foi degolada, domingo, entre a cidade de Las Palmas e a reserva dos kaingangs, na fronteira do estado de Santa Catarina. O seu corpo foi encontrado na estrada de acesso à aldeia índia. A zona indígena de Palmas foi invadida por madeireiros, mas os kaingangs, chefiados por Ademir Mendes, conseguiram expulsá-los, segundo a Cimi. A delimitação da reserva indígena de Palmas está em curso. Em razão de pressões exercidas pelas empresas de exploração madeireiras e de políticos, o Ministério da Justiça está a atrasar a assinatura do decreto sobre a delimitação. Os índios suspeitam que os assassinos estão ligados aos madeireiros expulsos das terras indígenas, que então proferiram ameaças de morte contra Ademir Mendes. Só este ano, duas dezenas de índios foram mortos no Brasil, quatro deles no Sul do país.

sexta-feira, setembro 19, 2003

Brasil: Amazónia abrigava sociedades complexas antes de Colombo

Na LUSA: "Os índios da Amazónia tinham grandes aldeias antes de 1500, com sociedades numerosas e complexas tanto social como tecnologicamente, indica um estudo de pesquisadores brasileiros e norte-americanos hoje divulgado pelo jornal Estado de São Paulo. Segundo a pesquisa, que combate o mito da floresta intocada antes da chegada de Colombo à América, as aldeias índias da época tinham estradas quilométricas que chegavam a medir atingir 50 metros de largura, pontes e áreas de fruticultura e agricultura. "Muita gente pensa na Amazónia como uma floresta virgem, intocada, mas não é bem assim. (...) Temos evidências claras de que as sociedades da época alteraram significativamente a cobertura vegetal", disse o antropólogo Carlos Furtado, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na região do Parque Indígena do Xingu, no nordeste do estado do Mato Grosso, os pesquisadores encontraram vestígios surpreendentes de ocupação humana entre os séculos XIII e XVII, em que as aldeias eram maiores e mais numerosas do que as actuais. As maiores aldeias da época tinham uma área de aproximadamente 50 hectares (dez vezes maior do que a das actuais) e podiam abrigar cerca de três mil pessoas. A equipa de pesquisadores localizou 19 sítios arqueológicos numa área de 400 quilómetros quadrados habitada hoje pelos índios kuikuros, no alto Xingu. Há indícios arqueológicos de que a área é habitada, pelo menos desde o ano 800, embora o auge do desenvolvimento tenha ocorrido entre os séculos XIV e XVI, justamente quando os europeus chegaram ao Novo Mundo. Segundo o arqueólogo Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida, a complexidade das construções, perfeitamente rectilíneas, indica um conhecimento avançado de engenharia, matemática e astronomia, como forma de orientação. "Não era um império Inca ou Romano, mas havia muitas sociedades da época, mesmo na Europa, que não eram tão complexas quanto essa", salientou o pesquisador norte-americano."

quinta-feira, setembro 18, 2003

Vala comum descoberta na Guatemala

Antropólogos exumaram 43 ossadas de um grupo de 200 indígenas desaparecidos nos anos 80, durante a guerra civil da Guatemala. Os restos mortais foram encontrados num antigo quartel em San Juan Comalapa, no departamento de Chimaltenango. A máxima dirigente da Comissão Nacional de Viúvas, Rosalina Tuyuc, disse que as chacinas foram cometidas por militares entre 1979 e 1983. O período inclui a ditadura do antigo general Efraín Rios Montt, actual presidente do Parlamento e candidato à chefia do Estado, que ocupou o poder entre 1982 e 1983, os dois anos mais violentos da história recente do país. A guerra civil guatemalteca estendeu-se de 1960 a 1996, quando foi concluído um acordo com a União Nacional Revolucionária Guatemalteca, e causou cerca de 200 mil mortos e desaparecidos.

quarta-feira, setembro 03, 2003

Através da Amazónia

Reportagem a não perder na National Geographic Magazine de Agosto: "Bem no interior da selva brasileira, o defensor dos direitos dos índios, Sydney Possuelo, tem pressa em salvar pessoas que espera nunca vir a encontrar: os isolados flecheiros."