sexta-feira, fevereiro 29, 2008
Índios são acusados de invadir fazenda e destruir casas
No Última Hora: "Indígenas guarani-ñhandeva da Aldeia Porto Lindo e da área ocupada denominada Ivy-Katu em Japorã estão sendo acusados de invadir uma fazenda, desmanchar duas casas e furtar toda a madeira das casas. Segundo informações da vítima, o produtor rural Edison Alves de 75 anos, que reside no Paraná, à ação dos indígenas na Fazenda Guaçuri, situada às margens do Rio Iguatemi, na divisa entre os municípios de Japorã e Iguatemi, aconteceu na semana passada. Os prejuízos são estimados em pelo menos R$ 150 mil." [notícia completa]
quinta-feira, fevereiro 28, 2008
Índios brasileiros e venezuelanos discutem ações de madeireiros
No Portal da Amazónia: "LIMA - O Encontro dos Povos Indígenas Fronteiriços Brasil-Peru termina hoje (28) na Comunidade Sawawo, marco 40 da fronteira Brasil-Peru. O encontro é realizado para debater os impactos sociais e ambientais causados pelas concessões madeireiras em terras indígenas. A legislação peruana prevê este tipo de acordo entre comunidades e empresas privadas para a exploração de madeira, mas desde 2002, os índios Ashaninka do Brasil denunciam a entrada de madeireiros em território brasileiro." [notícia completa]
Humanos chegaram à América por mar há 18 mil anos, diz estudo brasileiro
No G1: "Pesquisadores brasileiros usaram o DNA de indígenas de norte a sul da América para traçar um novo quadro da chegada dos seres humanos ao continente. Segundo os geneticistas, tudo indica que esses povos colonizaram as terras americanas numa única grande onda de migração, que teria aproveitado a costa do Pacífico como estrada para se espalhar do Alasca à Patagônia. De acordo com os dados genéticos, essa grande jornada pode ter começado há 18 mil anos, momento em que a população ancestral de todos os índios vivos hoje começou a se expandir. A pesquisa questiona a ideia de que duas ou mais migrações separadas teriam sido responsáveis por dar origem às tribos indígenas de hoje, conforme sugeriam alguns dados linguísticos e anatómicos." [notícia completa]
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
Indígenas do Alasca processam empresas por efeito estufa
No Estadão: "SAN FRANCISCO, EUA - Advogados de Kivalina, uma vila costeira de indígenas do Alasca que está sendo forçada a se mudar por conta das inundações provocadas pela mudança climática no Ártico, apresentaram acção na justiça federal alegando que cinco companhias petrolíferas, 14 geradoras de electricidade e a maior empresa de carvão do país são responsáveis pela penúria da vila. A acção é o mais recente esforço para fazer com que empresas como BP America, Chevron, Peabody Energy, Duke Energy e Southern Co. sejam responsabilizadas pelo impacto do aquecimento global, já que emitem milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa ou, no caso da Peabody, extraem e vendem carvão que é queimado por terceiros. As empresas são acusadas de causar prejuízo público." [notícia completa]
terça-feira, fevereiro 26, 2008
«Índios libertam 11 reféns no Parque Nacional do Xingu»
N'A Tarde Online: "Com o compromisso de uma audiência marcada para amanhã em Brasília com representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério da Justiça, os índios Ikpeg, do Parque Nacional Indígena do Xingu, libertaram ontem os 11 reféns que estavam impedidos de deixar o local desde quarta-feira passada. Outros quatro reféns foram libertados no domingo. Eles foram levados de avião até Canarana e depois seguiram para Cuiabá. Todos passam bem." [notícia completa]
sexta-feira, fevereiro 22, 2008
Guatemala: Línguas indígenas em risco de desaparecer
Na RTP: "Cidade da Guatemala, 22 Fev (Lusa) - As 22 línguas maias, o xinca e o garifuna que se falam na Guatemala estão em risco de desaparecer devido à influência do castelhano e à falta de apoio do Estado, alertaram quinta-feira especialistas. Segundo um responsável do Programa da Educação da UNESCO, Bienvenido Argueta, 50 por cento das línguas faladas na Guatemala correm o risco de serem extintas num futuro não muito longínquo. A maioria dos projectos bilingues na Guatemala são financiados pela cooperação internacional, pois falta apoio institucional, sendo necessário que o ensino das línguas maternas seja incorporado no sistema educativo, defendeu Argueta, num seminário organizado a propósito do Dia Internacional da Língua Materna, que hoje se comemorou." [notícia completa]
quinta-feira, fevereiro 21, 2008
Índios mantêm 12 reféns no Parque do Xingu em Mato Grosso
N'O Tempo: "Os índios do Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso, estão mantendo desde quarta-feira, oito pesquisadores e quatro funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) como reféns. Eles reivindicam contra o funcionamento de uma usina hidrelétrica que foi construída no local. O chefe do posto indígena informou que os reféns passam bem, mas estão sendo vigiados por índios guerreiros, que estão preparados para o combate." [notícia completa] [na Folha Online]
sábado, fevereiro 16, 2008
Equador: Governo vai combater actividades madeireiras ilegais na Amazónia para proteger indígenas
No SOL: "O Governo do Equador anunciou hoje que vai combater a actividade madeireira ilegal na região protegida do Parque Nacional Yasuní, na Amazónia, para proteger os grupos indígenas que aí habitam em isolamento voluntário. O comunicado do Ministério do Ambiente surge na sequência de denúncias que um grupo de madeireiros colombianos teria assassinado cinco indígenas taromenani, um dos três grupos que vivem em isolamento nas províncias de Orellana e Pastaza. Estas denúncias serão investigadas por uma Comissão Interministerial." [notícia completa] [notícia no Diário Digital]
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
Da vida real: Geração roubada
No Correio da Manhã, artigo de opinião da Paula Teixeira da Cruz: "Na Austrália, cerca de cem mil crianças aborígenes foram retiradas às suas famílias, entre 1910 e 1970, para serem criadas por famílias brancas, em nome de uma designada política de assimilação (é verdade, por irónico que pareça, era a designação). Ontem o governo Australiano pediu perdão pelas atrocidades cometidas no passado contra os aborígenes. A desculpa apresentada pelo governo australiano aos aborígenes vale o que vale, mas é necessária; representa um passo tímido e por ora até nem custa nada, clarificado que foi que não haveria indemnizações (clarificação inusitada e, no mínimo, cínica)." [artigo completo]
quarta-feira, fevereiro 13, 2008
Mapuches elogiam atitude 'valente' do primeiro-ministro australiano
Na Ansalatina: "SANTIAGO DO CHILE, 13 FEV (ANSA) - O Conselho de Todas as Terras qualificou como "valente e exemplar" a decisão do governo trabalhista da Austrália de pedir perdão aos aborígenes. Aucán Huilcamán, dirigente da organização mapuche, aconselhou o governo chileno a seguir "esse caminho exemplar da Austrália, com o objectivo de começar um processo de entendimento entre o povo mapuche e o governo do Chile". O primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, disse perante o parlamento de seu país que "pedimos perdão pelas leis e políticas dos sucessivos governos que causaram dor, sofrimento e perdas aos nossos compatriotas australianos". [notícia completa]
Cacique denuncia ameaça a índios da etnia Bororo em Mato Grosso
No Globo Online: "BRASÍLIA - Cerca de 30 famílias da etnia Bororo, que habitam a aldeia Jarudore em Poxoréu (MT), a 250 quilómetros de Cuiabá, temem por um massacre. Segundo a cacique Maria Aparecida Toro Ekureudo, as ameaças partem de fazendeiros e posseiros da região, que querem as terras ocupadas pelos indígenas, cuja posse está sendo contestada na Justiça desde 2003. Em entrevista à Rádio Nacional da Amazónia, a cacique Maria Aparecida Toro Ekureudo afirmou que vem procurando a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Polícia Federal para pedir protecção para os habitantes da aldeia. Segundo ela, as ameaças ocorrem desde 2005." [notícia completa]
AUSTRÁLIA: Governo pede desculpa a povo aborígene
Na TSF: "O Governo australiano pediu desculpa, esta quarta-feira, aos aborígenes pelos maus-tratos a que foram submetidos durante décadas. Segundo um relatório dos anos 90, foram roubadas cerca de 100 mil crianças ao povo indígena da Austrália. O Governo australiano pediu desculpa, esta quarta-feira no Parlamento, ao povo aborígene pelos maus-tratos que os sucessivos executivos infligiram aos nativos da ilha durante décadas, em especial pela retirada das crianças aborígenes às suas famílias. «Pedimos desculpas especialmente por termos retirado as crianças às famílias, às comunidades e ao país. Pela dor e sofrimento a que foram submetidas estas gerações roubadas, os seus descendentes e as suas famílias, pedimos perdão», frisou o primeiro-ministro. Kevin Rudd, vencedor das eleições de Novembro, depois de ter prometido na campanha apresentar as desculpas da nação à comunidade aborígene, pediu ainda perdão «pelo atentado à dignidade e a humilhação infligida a um povo orgulhoso de si mesmo e da sua cultura»." [notícia completa]
terça-feira, fevereiro 12, 2008
Governo australiano pede desculpas formais aos aborígenes
No PÚBLICO.PT: "O Governo de Kevin Rudd acolheu uma grupo de anciãos aborígenes no parlamento australiano, dado início à solene cerimónia de pedido de desculpa pelos abusos contra aquele povo no passado." [notícia em vídeo]
Austrália reconhece erros do passado e pede desculpa a aborígenes no novo Parlamento
No PÚBLICO.PT: "Uma cerimónia tradicional aborígene na inauguração do novo Parlamento australiano e um pedido de desculpa por parte do primeiro-ministro Kevin Rudd. Inédito, talvez inesperado, mas há muito aguardado pela população nativa destas terras que durante décadas foi alvo de violações, injustiças e abusos. Terça-feira dia 12 de Fevereiro vai ficar na história australiana, uma história que a partir de hoje não falará em dois destinos: o dos aborígenes e o dos cidadãos brancos. O primeiro-ministro do país quis pôr um ponto final na separação entre as duas comunidades através de um pedido oficial de desculpa à chamada “Geração Roubada”, evitado e negado pelos seus antecessores. O líder trabalhista Kevin Rudd só pronunciará o discurso oficial amanhã. No entanto, o texto foi apresentado hoje de manhã no novo Parlamento – construído em terrenos da tribo Ngambri – e prevê-se que seja aprovado, uma vez que o seu partido é maioritário." [notícia completa]
«Aborígenes marcham por novas relações raciais na Austrália»
No G1: "Aborígenes marcham no Congresso Nacional em Camberra, na Austrália. Eles dançaram e cantaram numa cerimônia que muitos esperam que seja um marco de uma nova era de relações raciais no país. O premiê Kevin Rudd planeja fazer um discurso histórico de desculpas aos índigenas do país por injustiças passadas". [notícia completa]
Declaração dos Povos Indígenas da ONU é traduzida para o português
No Correio Web: "Um livro traduzido para o português com os 46 artigos da Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovada por 144 países sob a coordenação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 13 de Setembro de 2007, foi lançado hoje (12) em Brasília. O documento é o resultado de 27 anos de discussões entre representantes de 5 mil povos indígenas espalhados por 70 países, que somam hoje 370 milhões de pessoas. Participaram do evento Hector Huertas, presidente da organização indígenas Conclas, que congrega diversas etnias sul-americanas, o coordenador da Associação dos Povos Indígenas do Nordeste, Apoine, Weibe Tapeba, Rosana Tomazini, representante da União Europeia, e representantes de cerca de 20 etnias." [notícia completa]
Governo australiano oficializa pedido de perdão a aborígenes
Na Folha Online: "O governo da Austrália apresentou ao Parlamento nessa terça-feira o texto com o pedido oficial de desculpas que o primeiro-ministro, Kevin Rudd, transmitirá na quarta-feira (13), pedindo "perdão pela dor, sofrimento e perda" dos aborígenes. Em nome do Legislativo, Rudd se dirigirá às vítimas da chamada "geração roubada", referindo-se aos de 100 mil aborígenes com menos de 18 anos que entre 1910 e 1970 foram separados de suas famílias e entregues a famílias de origem européia, como parte de um programa governamental de assimilação cultural." [notícia completa]
domingo, fevereiro 10, 2008
Índios da Amazônia padecem com falta de saúde decente
Na Agência Amazónia de Notícias: "BRASÍLIA — São precaríssimas as condições sanitárias e de saúde dos índios da comunidade Iauaretê, em São Gabriel da Cachoeira, na região do Alto Rio Negro, no Amazonas: de 65 amostras de água analisadas, 89,2% apresentaram presença de coliformes fecais. Também não há destinação correta para os resíduos sólidos. Esse índice é revelado por estudo de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Amazonas e das Universidades de São Paulo e do Amazonas. A pesquisa concluiu também que são preocupantes as práticas sanitárias dos indígenas, sob o ponto de vista de saúde pública." [notícia completa]
sábado, fevereiro 09, 2008
Washington Post fala sobre índios
No Página 20: "Vilhena - A revista Post Magazine, veiculada aos domingos junto com o jornal The Washington Post, dos Estados Unidos, mostrou recentemente uma ampla reportagem sobre os índios isolados (de etnia desconhecida) de Rondônia. A matéria, assinada por Monte Reel, trouxe depoimentos de sertanistas que trabalharam - e foram perseguidos - no Estado por conta da luta em defesa dos direitos dos povos indígenas. É o exemplo de Marcelo dos Santos. Na época em que ele foi chefe do Departamento de índios isolados da Fundação Nacional do Índio (Funai), comprou brigas com latifundiários e políticos influentes. Por fim, recebeu uma moção de repúdio da Assembleia Legislativa de Rondônia, em 1997. Do total de 24 parlamentares estaduais, 23 trataram-no como 'persona non grata'. Contraditoriamente, um ano depois, Marcelo foi condecorado pelo Governo Federal com a Ordem de Rio Branco ao grau de Cavaleiro. No entanto, foi embora de Rondônia por pressão política; hoje vive em Goiás." [notícia completa]
sexta-feira, fevereiro 08, 2008
Tribo indígena dos batek sobrevive na selva da Malásia graças ao turismo
No Globo Online: "KUALA TAHAN, Malasia - Os integrantes da tribo dos "batek", da qual restam menos de mil indivíduos, sobrevivem como caçadores e catadores nômades na selva virgem da Malásia, graças, paradoxalmente, a um fenômeno tão moderno como o turismo de massa. Os "batek", que formam, por sua vez, a etnia dos "orang asli" (povoado original, em malaio), vivem limitados a seu hábitat a mais de quatro mil quilômetros quadrados no parque natural de Taman Negara pelas plantações de palma e pelas atividades agropecuárias." [notícia completa]
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
«Patricia, a dignidade mapuche»
No Carta Maior: "Patricia Troncoso, conhecida como "La Chepa", é auxiliar de uma escola de crianças, no sul do Chile. Estudou teologia no Instituto de Ciências Religiosas da Universidade Católica de Valparaiso. Por suas origens mapuches, aproximou-se dessas comunidades, buscando suas próprias raízes, primeiro na zona do Alto Bío-Bío e depois fazendo parte da Coordenadora Arauco-Malleco (CAM), na cidade de Traiguén. Sofreu o primeiro processo em Outubro de 2002, acusada, juntos com dois outros dirigentes mapuches, de incêndio de uma fazenda, tendo sido absolvida. Dois meses depois, sofreu um novo processo, acusada de ser membro da CAM, organização mapuche colocada na ilegalidade – em pleno regime "democrático" pós-pinochetista -, por ser considerada uma "associação ilícita terrorista". Depois de dois outros processos, Patricia foi novamente declarada inocente, além de que houve retratação por ter sido perseguida como membro da CAM. Mas um novo processo, em 2004, condenou-a por "incêndio terrorista" da fazenda Poluco Pidenco da Forestal Mininco, a 10 anos de prisão junto a outros seis dirigentes mapuches, pela Lei de Segurança Interior do Estado e pela Lei Antiterrorista, criada pela ditadura de Pinochet e retomada pelo governo socialista de Ricardo Lagos." [notícia completa]
terça-feira, fevereiro 05, 2008
Mapuche Não lhes toquem na terra
No PÚBLICO: "O povo que mora para lá do Bío Bío, a caminho do fim do Chile, não gosta que lhe toquem na terra. E quando isso acontece há problemas. Há séculos que é assim, desde os incas. E continua a ser, hoje, com os winkas, como chamam aos brancos, e as suas pistas de aterragem, barragens, fome de ferro e madeiras preciosas. Por isso, Janeiro foi um mês infortunado para os índios mapuche. Por Fernando Sousa
Os mapuche respiraram de alívio quando souberam no fim de Janeiro que a sua mais recente heroína, Patrícia Troncoso, 37 anos, desistira da greve da fome e vergara o Estado chileno. Acabava em bem uma batalha de 112 dias, com algum espaço nos media locais e alguns de fora - um pequeno intervalo numa luta que tem centenas de anos e se vai agudizar neste e nos próximos.
Tudo começou quando "La Chepa", como os companheiros a tratam, condenada a dez anos de prisão por "terrorismo", disse que não voltaria a comer enquanto não revissem a sua sentença, melhorassem as condições de detenção de outros presos e ouvissem o que tem a dizer sobre os direitos do seu povo. Isso foi no dia 10 de Outubro e ninguém em Santiago lhe ligou. Desde então perdeu 30 quilos e só não morreu porque, no hospital de Chillán, no centro Sul do país, onde foi internada, as autoridades a alimentaram à força através de tubos e a Igreja Católica intercedeu.
Patrícia Troncoso, uma antiga estudante de Teologia, foi julgada duas vezes por terrorismo, sob leis feitas pela ditadura de Augusto Pinochet, uma por pertencer a uma organização de direitos mapuche, a Coordenadora Arauco-Malleco (CAM), ilícita, e sempre absolvida. Mas a terceira vez que foi a tribunal, acusada do incêndio de uma área indígena entregue a uma empresa madeireira, a Mininco, acabou condenada.
O episódio fechou em bem quatro semanas que abalaram a Araucanía, a região com mais população original. O pico desses dias infernais foi a morte de Matias Catrileo, 22 anos, membro da CAM, abatido a tiro por carabineiros, diz-se que pelas costas, quando tentava com outros companheiros ocupar a fazenda de um agricultor na comuna de Vilcún, 670 quilómetros a sul de Santiago. Em dois outros incidentes, grupos de cara escondida e armados atacaram e queimaram camiões de madeireiros e cercaram um posto policial onde pensavam que estavam companheiros detidos.
Alguém que ouça os índios
A luta dos mapuche - e também dos aymara, rapa ni, likarantay, quechuas, colas, diaguitas, kawashkar, selkmans - é como a de outros povos do continente. Exigem o que sentem que é seu, em primeiro lugar a terra, ou pelo menos serem ouvidos em tudo que se relaciona com ela. Os winkas, como chamam aos brancos, chegam e fazem o que querem, desviam rios, fazem barragens, estendem linhas de alta tensão, constroem aeroportos e estradas onde entendem, cortam árvores, exploram minas, poluem lagos. Inundam zonas sagradas, alagam cemitérios. E pelo meio abrem ou exploram divisões entre o grupo.
Uma das regiões em tumulto é a comuna de Panguipulli, província de Valdívia, rica em recurso naturais, para onde estão pensados sete megaprojectos hidroeléctricos. Os rios ameaçados, entre outros, são cinco, mais uma série de lagos e uma muito rica biodiversidade. Os habitantes acham que vai haver um "massacre ambiental". E por arrasto prejuízos numa das actividades com que ainda convivem bem: o turismo.
Outra é o aeroporto que o Governo pretende construir em Temuco, na IX Região. A ideia é tê-lo pronto com outras obras no bicentenário da independência, em 2010. O terminal terá um edifício de 5 mil metros quadrados e uma pista de 2440 metros, que poderá ser ampliada até aos 3200. A obra é apresentada como essencial para a dinamização da região. Mas os mapuche não vão ganhar nada com isso, bem pelo contrário.
A comunidade local, cerca de 5 mil pessoas, não está para sofrer com o barulho dos boeings ou a respirar os gases dos motores, acusando as autoridades de não terem feito todos os estudos ambientais necessários para avaliar os reais impactos económicos, sociais e culturais da construção. E a alcaide da zona disse que os indígenas "vão ter de fazer as cerimónias religiosas com aviões a passarem sobre as cabeças".
Na VIII Região, na zona do lago Lleu Lleu, o problema é uma empresa mineira. Os mapuche já tinham aqui um contencioso com madeireiros. Agora é com mineiros, em busca de ferro e magnetite. Temem que a exploração, no interior da Área de Desenvolvimento Indígena, comprometa as águas. Dizem ainda que o chão a ser esburacado é território "sagrado".
A zona é velha em conflitos. Ali se lutou entre 1860 e 1925. "Em 1935 entregaram a terra aos mapuches. O cerro Treng Treng é sagrado. É aí que pedimos à natureza que cuide de nós. Os nossos antepassados lutaram para conservar a sua cultura. Não há dinheiro que possa pagar isso", protestou Martiniano Nahuenthual nas páginas de um semanário do lugar, o Punto Final.
Bom, e o Parque Pumalín - o famoso Parque Pumalín. A região, de cerca de 270 mil hectares, pertence a um multimilionário norte-americano. Mas o problema não é ele, Douglas Tompkins, que aliás adquiriu a zona para a preservar de atentados. O problema é a Transelec, que se prepara para plantar torres e estender cabos ao longo de 2 mil quilómetros de florestas e bosques primitivos. A rota foi definida na sequência de discussões com o proprietário, que não terá conseguido garantir a inviolabilidade de todo o percurso. Os trabalhos vão começar em 2009.
O parque, adquirido para se tornar um santuário da natureza, constitui o arquétipo dos conflitos ambientais no país, pois mostra o confronto ideológico que ocorre ali em matéria ecológica, diz Marcel Claude, economista da Universidade do Chile. A discussão traz frente a frente os partidários do projecto modernizador, a maior parte do Governo e a direita política e económica, por um lado, e um conjunto muito heterogéneo de cidadãos que defendem a necessidade de reorientação do modelo de desenvolvimento, por outro. Isto é, entre os defensores do neoliberalismo e os que têm uma cosmovisão do espaço ameaçado.
Alguém que ouça a ONU
Assim acabou 2007, um ano em que o Estado chileno fez pouco ou nada pela nação mapuche, diz José Aylwin, director do Observatório de Direitos Indígenas. No plano jurídico, tem a seu crédito o voto positivo que deu à declaração dos direitos dos Povos Indígenas, adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro. Mas foi tudo. O Senado não ratificou o Convénio 169 da OIT, que espera a sua aprovação desde 1991. O diploma reconhece aos povos indígenas direitos colectivos, como a participação e a autonomia, a terra, o território e os recursos naturais. E o Congresso recebeu um novo projecto de reforma constitucional onde se dispõe que a nação chilena é "multicultural" e se reconhece a existência dos povos originários que habitam no território, e o seu direito a conservar, desenvolver e fortalecer a sua identidade, idiomas, instituições e tradições sociais e culturais, mas a sua aprovação é duvidosa.
Assim acabou 2007 e assim vai ser em 2008, prevê Aylwin, que diz ainda que o Estado não só não ouve os mapuche como não ouve o Comité de Direitos Humanos da ONU, que em Março pediu a Santiago que ponha termo à violência policial sobre as suas minorias, consulte os indígenas sobre os projectos previstos para os seus territórios, modifique a lei antiterrorista e respeite os direitos dos povos autóctones, o mundo de coisas que levou Patrícia Troncoso a tribunal e à prisão, e quase à morte." [artigo integral]
Os mapuche respiraram de alívio quando souberam no fim de Janeiro que a sua mais recente heroína, Patrícia Troncoso, 37 anos, desistira da greve da fome e vergara o Estado chileno. Acabava em bem uma batalha de 112 dias, com algum espaço nos media locais e alguns de fora - um pequeno intervalo numa luta que tem centenas de anos e se vai agudizar neste e nos próximos.
Tudo começou quando "La Chepa", como os companheiros a tratam, condenada a dez anos de prisão por "terrorismo", disse que não voltaria a comer enquanto não revissem a sua sentença, melhorassem as condições de detenção de outros presos e ouvissem o que tem a dizer sobre os direitos do seu povo. Isso foi no dia 10 de Outubro e ninguém em Santiago lhe ligou. Desde então perdeu 30 quilos e só não morreu porque, no hospital de Chillán, no centro Sul do país, onde foi internada, as autoridades a alimentaram à força através de tubos e a Igreja Católica intercedeu.
Patrícia Troncoso, uma antiga estudante de Teologia, foi julgada duas vezes por terrorismo, sob leis feitas pela ditadura de Augusto Pinochet, uma por pertencer a uma organização de direitos mapuche, a Coordenadora Arauco-Malleco (CAM), ilícita, e sempre absolvida. Mas a terceira vez que foi a tribunal, acusada do incêndio de uma área indígena entregue a uma empresa madeireira, a Mininco, acabou condenada.
O episódio fechou em bem quatro semanas que abalaram a Araucanía, a região com mais população original. O pico desses dias infernais foi a morte de Matias Catrileo, 22 anos, membro da CAM, abatido a tiro por carabineiros, diz-se que pelas costas, quando tentava com outros companheiros ocupar a fazenda de um agricultor na comuna de Vilcún, 670 quilómetros a sul de Santiago. Em dois outros incidentes, grupos de cara escondida e armados atacaram e queimaram camiões de madeireiros e cercaram um posto policial onde pensavam que estavam companheiros detidos.
Alguém que ouça os índios
A luta dos mapuche - e também dos aymara, rapa ni, likarantay, quechuas, colas, diaguitas, kawashkar, selkmans - é como a de outros povos do continente. Exigem o que sentem que é seu, em primeiro lugar a terra, ou pelo menos serem ouvidos em tudo que se relaciona com ela. Os winkas, como chamam aos brancos, chegam e fazem o que querem, desviam rios, fazem barragens, estendem linhas de alta tensão, constroem aeroportos e estradas onde entendem, cortam árvores, exploram minas, poluem lagos. Inundam zonas sagradas, alagam cemitérios. E pelo meio abrem ou exploram divisões entre o grupo.
Uma das regiões em tumulto é a comuna de Panguipulli, província de Valdívia, rica em recurso naturais, para onde estão pensados sete megaprojectos hidroeléctricos. Os rios ameaçados, entre outros, são cinco, mais uma série de lagos e uma muito rica biodiversidade. Os habitantes acham que vai haver um "massacre ambiental". E por arrasto prejuízos numa das actividades com que ainda convivem bem: o turismo.
Outra é o aeroporto que o Governo pretende construir em Temuco, na IX Região. A ideia é tê-lo pronto com outras obras no bicentenário da independência, em 2010. O terminal terá um edifício de 5 mil metros quadrados e uma pista de 2440 metros, que poderá ser ampliada até aos 3200. A obra é apresentada como essencial para a dinamização da região. Mas os mapuche não vão ganhar nada com isso, bem pelo contrário.
A comunidade local, cerca de 5 mil pessoas, não está para sofrer com o barulho dos boeings ou a respirar os gases dos motores, acusando as autoridades de não terem feito todos os estudos ambientais necessários para avaliar os reais impactos económicos, sociais e culturais da construção. E a alcaide da zona disse que os indígenas "vão ter de fazer as cerimónias religiosas com aviões a passarem sobre as cabeças".
Na VIII Região, na zona do lago Lleu Lleu, o problema é uma empresa mineira. Os mapuche já tinham aqui um contencioso com madeireiros. Agora é com mineiros, em busca de ferro e magnetite. Temem que a exploração, no interior da Área de Desenvolvimento Indígena, comprometa as águas. Dizem ainda que o chão a ser esburacado é território "sagrado".
A zona é velha em conflitos. Ali se lutou entre 1860 e 1925. "Em 1935 entregaram a terra aos mapuches. O cerro Treng Treng é sagrado. É aí que pedimos à natureza que cuide de nós. Os nossos antepassados lutaram para conservar a sua cultura. Não há dinheiro que possa pagar isso", protestou Martiniano Nahuenthual nas páginas de um semanário do lugar, o Punto Final.
Bom, e o Parque Pumalín - o famoso Parque Pumalín. A região, de cerca de 270 mil hectares, pertence a um multimilionário norte-americano. Mas o problema não é ele, Douglas Tompkins, que aliás adquiriu a zona para a preservar de atentados. O problema é a Transelec, que se prepara para plantar torres e estender cabos ao longo de 2 mil quilómetros de florestas e bosques primitivos. A rota foi definida na sequência de discussões com o proprietário, que não terá conseguido garantir a inviolabilidade de todo o percurso. Os trabalhos vão começar em 2009.
O parque, adquirido para se tornar um santuário da natureza, constitui o arquétipo dos conflitos ambientais no país, pois mostra o confronto ideológico que ocorre ali em matéria ecológica, diz Marcel Claude, economista da Universidade do Chile. A discussão traz frente a frente os partidários do projecto modernizador, a maior parte do Governo e a direita política e económica, por um lado, e um conjunto muito heterogéneo de cidadãos que defendem a necessidade de reorientação do modelo de desenvolvimento, por outro. Isto é, entre os defensores do neoliberalismo e os que têm uma cosmovisão do espaço ameaçado.
Alguém que ouça a ONU
Assim acabou 2007, um ano em que o Estado chileno fez pouco ou nada pela nação mapuche, diz José Aylwin, director do Observatório de Direitos Indígenas. No plano jurídico, tem a seu crédito o voto positivo que deu à declaração dos direitos dos Povos Indígenas, adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro. Mas foi tudo. O Senado não ratificou o Convénio 169 da OIT, que espera a sua aprovação desde 1991. O diploma reconhece aos povos indígenas direitos colectivos, como a participação e a autonomia, a terra, o território e os recursos naturais. E o Congresso recebeu um novo projecto de reforma constitucional onde se dispõe que a nação chilena é "multicultural" e se reconhece a existência dos povos originários que habitam no território, e o seu direito a conservar, desenvolver e fortalecer a sua identidade, idiomas, instituições e tradições sociais e culturais, mas a sua aprovação é duvidosa.
Assim acabou 2007 e assim vai ser em 2008, prevê Aylwin, que diz ainda que o Estado não só não ouve os mapuche como não ouve o Comité de Direitos Humanos da ONU, que em Março pediu a Santiago que ponha termo à violência policial sobre as suas minorias, consulte os indígenas sobre os projectos previstos para os seus territórios, modifique a lei antiterrorista e respeite os direitos dos povos autóctones, o mundo de coisas que levou Patrícia Troncoso a tribunal e à prisão, e quase à morte." [artigo integral]
Os «primeiros guerrilheiros» da América Latina
"Muito combativos, os índios mapuche resistiram primeiro aos incas, depois à Espanha e desde o século XIX à oligarquia chilena
Uma nação é um conjunto de indivíduos ligados por uma comunhão de cultura e tradições, uma história, às vezes pela raça ou a língua, mas quase sempre por uma ligação forte a uma terra. É o que são os mapuche, uma palavra feita de duas, "mapu", que é terra, e "che", que é homem, que segundo o censo de 2002 serão 604.349 pessoas, ou 87 por cento da população originária chilena, organizados nas comunidades huenteche, huiliche, labfquenche, nagche e peahuenche, espalhadas pelas províncias de Bío Bío, Cautin, Malleco, Osorno e Valdívia, situadas na extremidade meridional do Chile, e puelche, esta na vizinha Argentina. Cerca de 30 por cento vive na região da Araucanía.
O combate que estes "primeiros guerrilheiros da América Latina", como lhes chamou Luís Sepúlveda, travam pela sua terra tem séculos. Muito combativos, resistiram aos incas, depois à Espanha e desde o século XIX à oligarquia chilena. Em 1641, pelo acordo de Quilin, foram expurgados de 30 milhões de hectares de território, incorporados no Chile colonial, e empurrados para Sul do Bío Bío, o grande rio, uma espécie de no man"s land, fronteira natural.
E nunca mais houve paz, senão por curtos instantes. Habitantes indesejados de solos ricos, viram-nos ocupados pelos militares em 1881. Ao genocídio, a historiografia oficial chilena chama eufemisticamente a "pacificação da Araucanía". Durante o Governo da Frente Popular, entre 1938 e 1941, e o da Unidade Popular, de Salvador Allende, de 1970 a 1973, respiraram fundo. Mas em 1974, a ditadura militar de Augusto Pinochet expurgou-os de 300 mil hectares atribuídos pela reforma agrária do regime anterior, para os concederem ou venderem a empresas madeireiras ou mineiras, ou antigos latifundiários.
Em 1999, no pico de uma violenta onda de repressão, o presidente da Corporação Chilena da Madeira, José Ignacio Letamendi, declarava categoricamente: "Sob nenhum pretexto, e quaisquer que sejam as circunstâncias, não entregaremos a terra aos mapuche, que são incapazes de a cultivar." (Le Monde Diplomatique, Novembro de 1999)
Já no Chile democrático, os governos da Concertação, formado por democratas-cristãos e socialistas, não fizeram senão modificar a estrutura da propriedade agrária favorecendo a implantação de empresas madeireiras ligadas a capitais internacionais. As leis, mesmo agora com a Presidente socialista Michelle Bachelet, desconhecem no essencial a sua realidade e os seus problemas. No trato com os que protestam, os tribunais aplicam a lei antiterrorista de Pinochet e os detidos considerados "terroristas". E a linguagem e os métodos dos carabineiros chilenos continuam a ser os mesmos dos anos de chumbo - tratam-nos por "porcos", "cães", "índios de merda" ou "filhos da puta de índios" (Le Monde Diplomatique), ou atiram a matar como no caso de Matias Quezada." [artigo integral]
Uma nação é um conjunto de indivíduos ligados por uma comunhão de cultura e tradições, uma história, às vezes pela raça ou a língua, mas quase sempre por uma ligação forte a uma terra. É o que são os mapuche, uma palavra feita de duas, "mapu", que é terra, e "che", que é homem, que segundo o censo de 2002 serão 604.349 pessoas, ou 87 por cento da população originária chilena, organizados nas comunidades huenteche, huiliche, labfquenche, nagche e peahuenche, espalhadas pelas províncias de Bío Bío, Cautin, Malleco, Osorno e Valdívia, situadas na extremidade meridional do Chile, e puelche, esta na vizinha Argentina. Cerca de 30 por cento vive na região da Araucanía.
O combate que estes "primeiros guerrilheiros da América Latina", como lhes chamou Luís Sepúlveda, travam pela sua terra tem séculos. Muito combativos, resistiram aos incas, depois à Espanha e desde o século XIX à oligarquia chilena. Em 1641, pelo acordo de Quilin, foram expurgados de 30 milhões de hectares de território, incorporados no Chile colonial, e empurrados para Sul do Bío Bío, o grande rio, uma espécie de no man"s land, fronteira natural.
E nunca mais houve paz, senão por curtos instantes. Habitantes indesejados de solos ricos, viram-nos ocupados pelos militares em 1881. Ao genocídio, a historiografia oficial chilena chama eufemisticamente a "pacificação da Araucanía". Durante o Governo da Frente Popular, entre 1938 e 1941, e o da Unidade Popular, de Salvador Allende, de 1970 a 1973, respiraram fundo. Mas em 1974, a ditadura militar de Augusto Pinochet expurgou-os de 300 mil hectares atribuídos pela reforma agrária do regime anterior, para os concederem ou venderem a empresas madeireiras ou mineiras, ou antigos latifundiários.
Em 1999, no pico de uma violenta onda de repressão, o presidente da Corporação Chilena da Madeira, José Ignacio Letamendi, declarava categoricamente: "Sob nenhum pretexto, e quaisquer que sejam as circunstâncias, não entregaremos a terra aos mapuche, que são incapazes de a cultivar." (Le Monde Diplomatique, Novembro de 1999)
Já no Chile democrático, os governos da Concertação, formado por democratas-cristãos e socialistas, não fizeram senão modificar a estrutura da propriedade agrária favorecendo a implantação de empresas madeireiras ligadas a capitais internacionais. As leis, mesmo agora com a Presidente socialista Michelle Bachelet, desconhecem no essencial a sua realidade e os seus problemas. No trato com os que protestam, os tribunais aplicam a lei antiterrorista de Pinochet e os detidos considerados "terroristas". E a linguagem e os métodos dos carabineiros chilenos continuam a ser os mesmos dos anos de chumbo - tratam-nos por "porcos", "cães", "índios de merda" ou "filhos da puta de índios" (Le Monde Diplomatique), ou atiram a matar como no caso de Matias Quezada." [artigo integral]
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