quarta-feira, maio 05, 2004

Povos de Salta lutam por seus direitos: a terra e a vida

Na ADITAL: "Distintos conflitos de terras estão acontecendo nestes dias na província de Salta, no noroeste argentino. Como no resto do país, a entrega de territórios às multinacionais e aos proprietários de terras continua realizando-se com o consentimento dos governos federal e dos estados, com absoluto desprezo pelas populações originárias que as habitam desde tempos ancestrais. A resistência aos despejos vai configurando um novo mapa de conflitos nos quais a terra e a vida começam a identificar-se como fundamentos da própria existência dos povos. As comunidades wichi que moram nos lotes fiscais 32 e 33 em General Pizarro, Departamento de Anta, denunciaram perante o defensor público da Nação, Eduardo Mondino, a decisão do governador salteño, Juan Carlos Romero - avalizada pela legislatura provincial - de mudar o uso das terras que ficam dentro de uma reserva natural, para fazer uma via que beneficiará os grandes produtores de soja. Outro tanto fez a comunidade wichi de General Mosconi, que espera pelo título de propriedade de suas terras desde muitos anos, ao saber que estas foram agora vendidas a um proprietário de terra da região. "Vendem as terras conosco dentro", enfatizaram os líderes da comunidade à Adital, denunciando também que o governador Romero "tem comprado os juízes da província", porque é dono de uma grande parte dos recursos naturais e da economia da província, e controla os meios de comunicação como o diário local El Tribuno. Ao referir-se a esse tema, no Foro de Mosconi, realizado no dia 1° de Maio, o dirigente da União de Trabalhadores Desocupados de General Mosconi, José Pepino Fernández acusava: "aqui vêm as grandes concessionárias de área e destroem o monte. A gente não se dá conta de quanto custou a uma árvore para crescer. Algumas demoram mais de 100 anos. Vêm da noite para a manhã e destroem-nas. Também destroem os povos originários que habitam essas terras. Temos que dizer que o homem e a árvore podem conviver, como o fazem os aborígenes há milênios. Mas as multinacionais têm a seu favor os presidentes, governadores, deputados, juízes. Nós temos que lutar contra tudo isso. No Brasil, estão os Sem Terra. Por quê nós não podemos fazê-lo?". Os líderes das comunidades em luta mostraram à Adital o desamparo em que vivem seus filhos, sem terras, sem educação, sem trabalho, vítimas do alcoolismo e das drogas, que é o "único que nos oferecem a baixo custo para nos ter dominados". Os wichi informaram que estão articulados também com outras comunidades de povos originários da província, como os ava guaraníes e kolla guaraníes, que se encontram nestes dias em Buenos Aires, para demandar que lhes sejam devolvidas suas terras." [notícia completa]

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